Lupa Santiago a Todo Vapor

Lupa Santiago a Todo Vapor

Clube de Jazz – Lupa Santiago a Todo Vapor

O guitarrista, professor e compositor Lupa Santiago é um dos músicos mais influentes dentro da cena paulistana de jazz. Esse ano, ele está colocando no mercado cinco trabalhos, com formações diferentes, no Brasil e no exterior, sem contar o que está engatilhado para 2016. Tudo com muita arte e criatividade.

Wilson Garzon – Você já nasceu tocando violão ou o percurso até ele foi mais complicado?
Lupa Santiago – Comecei aos sete anos tocando mpb com o violão. Depois, aos treze, passei para a guitarra, agora tocando rock; foram idas e vindas até engrenar aos dezessete, quando comecei a buscar o jazz.

WG – Já o jazz surgiu na sua formação através do rock ou teve sua própria trajetória? As influências foram mais na linha Metheny/Stern ou Pass/Hall ou tudo misturado?
LS – O jazz veio depois do rock, pelo fusion; comecei ouvindo Tribal Tech, Mike Stern, e depois chegou o Jazz. Hoje, ouço muitos coisas diferentes, mais o que sai do meu som: Wes Montgomery, Charlie Parker, John Coltrane e os novos: Lage Lund, Mark Turner, Jesse Van Ruller.

WG – Quando te conheci na Souza Lima você transitava entre dois grupos de vanguarda jazzística: Sinequenon e Regra de Três. Qual era a diferença entre as propostas dos grupos? Haverá algum novo trabalho?
LS – Continuo tocando com estes dois grupos, Sinequanon lança cd novo em três meses. Mas estou bem ativo com outros grupos também, como o cd “Chamado” com Rodrigo Ursaia e o meu duo com Paulo Braga.

WG – Você realizou dois trabalhos com a formação sexteto: um como líder e outro com músicos franceses e brasileiros. Isso pode significar no futuro um projeto com big band?
LS – Lancei ano passado um cd com o Jazz Combo de Tatui, quase big band, são 15 musicos, arranjos do Paulo Flores, musicas minhas, foi muito legal a experiência, mas adoraria fazer um com big band também, sem planos neste sentido no momento. Gosto de todas formações, oferecem desafios distintos.

WG – Em 2013, você lançou junto com o pianista Paulo Braga”N1O1″, um cd muito bem recebido pela crítica musical, aqui e em Portugal. Qual foi o conceito desse trabalho?
LS – Fiquei muito feliz com o cd, tocar com o Paulo é um prazer, conexão musical total, em duo, tomamos decisões e direções muito rápidas durante as músicas nos improvisos, deixando a musica bem viva. Sai em agosto o novo cd do duo, chama-se “Manhã”, dando continuidade ao trabalho, acredito que este cd tenha sonoridade com mais identidade, afinal estamos tocando bastante tempo juntos.

WG – Esse ano, lançou junto com o saxofonista Rodrigo Ursaia: “Chamado”. Poderoso quinteto tendo ao lado os geniais Marques, Cabral e Migotto. Em relação ao processo de criação, como ele foi pensado? e quanto ao processo de gravação do cd? Que músicas você destacaria?
LS – a formação de 5teto com piano e guitarra é muito poderosa, dá uma grande versatilidade nas composições. Uma grande privilégio tocar com estes músicos. Eu e Ursaia tocamos algumas vezes nos últimos quatro anos, mas no último ano verificamos que havia grande identificação musical e resolvemos montar o grupo e gravar. Juntamos músicas de ambos, testamos nos shows, e adicionamos uma do André (“Luar”), que ficou bem bacana. Gravamos no estúdio Sound Finger que é o selo que também nos lançou. Dois dias de gravação, tocamos 2 a 3 versões de cada musica e escolhemos a melhor versão de cada. Gosto de todas músicas do cd, mas em especial “Dom do Samba”, “Vila Madalena”, “Prolífero” e “Perdulário” (pelos efeitos e interação) e “Luar”.

WG – Por outro lado você trabalha como professor e gestor da Escola Souza Lima. Pode-se dizer que temos em São Paulo uma geração Souza Lima de músicos ou grupos no mercado? Como você projeta o futuro do ensino da música instrumental?
LS – Até 2014 era Coordenador do Conservatório e da faculdade Souza Lima, mas nesse ano saí do Conservatório, para conseguir dar atenção a todos estes grupos que estou tocando. Mas continuo coordenador da Faculdade, que tem um corpo docente muito ativo, tocando, compondo e arranjando e tem formado turmas de excelente nível e tem contribuído com a musica brasileira, não só instrumental. Vários ex-alunos estão se destacando na cena musical.

Eu sou muito otimista quanto ao futuro, sempre fui. Cada dia que passa aumenta a quantidade de músicos excelentes no Brasil e no mundo. Acho que estamos numa fase de transição com a crise financeira mundial, crise de direito autoral e a indefinição das mídias a seguir (cd, mp3, youtube…). Mas tudo isso deve se resolver em breve, e espero que siga um caminho que traga meios para que a musica possa se sustentar, e que volte a tirar as pessoas de casa, para assistir shows, tocar em grupo e viver a música.

WG – Quanto a projetos para os próximos anos, esteja à vontade para elencá-los.
LS – Quero tocar bastante ao vivo com estes grupos e lançar novos CDs com Sinequanon, Regra de Três, Paulo Braga, 5teto com Rodrigo Ursaia, e este ano ainda saem mais 3 cds que não mencionei ainda, o Paris São Paulo II que gravamos na França em 2014, mesma formação do primeiro, faremos shows de lançamento no Brasil em agosto, um outro cd Lupa Santiago 4teto convida Ed Neumeister, grande trombonista de NY, este é outro grupo da pesada com Alex Buck na bateria, Leandro Cabral pno e Bruno Migotto bx, musicas minhas e do Ed.

E não menos importante, acaba de sair, cd gravado em Portugal em 2104, Lisbon Sessions, um 5teto meu com Anders Vestengard, grande baterista sueco. Um grupo multi nacional, que ainda conta com o trmpetista Gonçalo Marques (Portugal), o saxofonista Michael Buckley (Irlanda), o baixista Ronan Guilfoyle (Irlanda), composições minhas e do baterista. Acabo de voltar de Portugal onde fizemos os primeiros shows de lançamento, haverão outros na Europa em 2015 ainda, mas quero trazer ao Brasil em 2016. Tem sido um ano especial, lançando 5 cds com 5 grupos diferentes.

Share

Leave a comment